Os efeitos do etanol sobre a saúde dependem da quantidade de álcool consumida e do padrão de consumo. A maioria dos estudos relatam uma curva em forma de J, na qual se verifica que os consumidores leves a moderados têm menos riscos do que os abstémios, e os consumidores excessivos apresentam o risco mais elevado.
O consumo moderado e regular de vinho pode estar associado a vários benefícios para a saúde. Contudo, o risco aumenta com cada copo que ultrapasse o conceito de moderação! Beber mais do que o que ditam as regras não irá trazer mais benefícios, apenas mais malefícios!
Esta curva J, amplamente aceite, descrevendo a associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e a mortalidade total é conhecida há décadas, continuando a investigação epidemiológica prospectiva mais recente a corroborar esta relação. Enquanto o consumo excessivo está geralmente relacionado com um maior risco de mortalidade, o consumo leve a moderado está associado a um menor risco de mortalidade, nomeadamente a mortalidade relacionada com doenças cardiovasculares.
A maioria dos primeiros estudos associava apenas a quantidade média de álcool consumida ao longo de um período de tempo (geralmente uma semana) como um indicador de consumo de álcool; porém, esta média não contempla o risco associado a determinados padrões de consumo, como o consumo excessivo esporádico. Muitos estudos mais recentes têm realçado que o padrão de consumo pode ser um melhor indicador da exposição ao álcool. Vários estudos demonstraram que o padrão de consumo “mais saudável” é o consumo de pequenas quantidades de álcool (geralmente definidas entre 1 a 3 bebidas padrão/dia), numa base frequente (diariamente ou pelo menos várias vezes por semana).
Por todo o mundo desenvolvido, a doença cardiovascular é a principal causa de morte e representa 50% de todas as mortes (Ficha descritiva da OMS, 2007). De forma consistente, os estudos científicos mostram que consumir quantidades moderadas de álcool reduz a mortalidade por doença coronária, bem como de outras causas em 25-30% nos indivíduos de meia-idade, principalmente os homens acima dos 40 anos e as mulheres após a menopausa
Os consumidores moderados de vinho vivem mais do que os abstémios ou os que bebem muito. Esta associação amplamente aceite é conhecida como curva J. O risco relativo de morrer é inferior entre os consumidores leves a moderados e superior entre os abstémios. Contudo, o risco aumenta drasticamente com cada bebida acima da moderação. Assim, enquanto um ou dois copos pode ser considerado “bom para a saúde”, beber mais do que as directrizes não trará mais benefícios, apenas mais malefícios!
Se consumidas em excesso, as bebidas alcoólicas aumentam a exposição a uma vasta gama de factores de risco, aumentando também o risco com a quantidade de álcool consumida. O abuso do álcool também tem sido associado a várias doenças crónicas de longa duração que reduzem a qualidade de vida. Estas incluem a hipertensão, problemas cardiovasculares, cirroses no fígado, dependência do álcool, vários tipos de cancro, malefícios cerebrais relacionados com álcool e muitos outros problemas.
Todavia, não é só a quantidade de álcool que é importante, mas também os padrões de consumo. Descobertas de uma meta-análise corroboram os resultados de outros estudos, indicando que o consumo excessivo esporádico é prejudicial para a saúde do coração. Os autores concluíram que é melhor para os consumidores evitar o consumo excessivo esporádico – não só devido aos possíveis efeitos negativos para o coração, mas também devido a riscos mais imediatos acrescidos, como os acidentes e a violência.
Para além das questões de saúde resultantes do consumo excessivo de álcool, existem consequências sociais tanto para o consumidor como para os outros da comunidade. As consequências incluem malefícios para os membros da família (incluindo crianças), para amigos e colegas, bem como para espectadores e estranhos.
O consumo moderado de bebidas alcoólicas está associado a níveis mais baixos de doenças coronárias.